Brokeback Mountain

Assisti nesse último final de semana O Segredo de Brokeback Mountain e confesso que estava com um pé atrás antes de começar a ver. Sabe como é, na minha cabeça o bafafá todo era por causa das personagens homossexuais (sobre isso falarei um pouco ali para frente). A questão é: independente de ser uma história de amor gay, é uma história muito bem conduzida.

Os dois atores estão ótimos, especialmente o Heath Ledger (bem, eu estava acostumada a vê-lo em filmes teens que não exigiam muito da atuação dele). E sabe, é foda você contar uma história de tal forma que o mais importante não seja que os dois cowboys machões são na verdade gays, mas contar a forma como um gostava do outro.

Mas isso nos leva a um outro ponto, a história do “bafafá”. Eu sinceramente acho que é desmerecer uma obra elogiá-la “pela coragem de contar uma história sobre gays” ou coisa do gênero. Não só desmerecer, tem aí um certo tom de preconceito, não sei dizer.

O mesmo vale para a Literatura, o que eu acho especialmente irritante nesse caso. Ok, sabemos que a vida de um autor de certa forma acaba influenciando na obra, mas um texto não é só isso. Caio Fernando Abreu era gay, tá e daí? Ele escreveria pior se fosse hetero? O mesmo vale para Oscar Wilde, Elizabeth Bishop e tanta gente que o primeiro ponto levantado é a sexualidade.

A sensação que dá é que o mérito não está na excelente obra, mas com quem o autor costumava manter relações sexuais. Esse negócio vai tão longe (e de forma tão distorcida), que já vi muitas pessoas dizendo que o Dorian Gray do Wilde foi inspirado no Bosie, quando o próprio Wilde disse que o Dorian Gray era ele mesmo.

Enfim, como disse antes, não é que a vida do autor não tenha importância alguma. Mas acho que definir um livro pela orientação sexual de quem o escreveu é rotular. E rótulos são perigosos, para não dizer estúpidos. Afinal, com eles é apenas um passo para cair no velho preconceito.

18 comentários em “Brokeback Mountain”

  1. Ué, por que o Kado não quer ver? 😮
    Bom, na pior das hipóteses você pode usar o argumento de que esse provavelmente será o 2º melhor filme do 1º semestre e que ele é um bobo se não quer assistir só por causa dos caras gatitos do elenco :mrpurple:

  2. É um filme do Ang Lee sobre romance proibido… não tem como ser ruim. De qualquer forma, vi o trailer no último sábado e fiquei com mais vontade ainda de ver.

  3. Alf on 30 Janeiro, 2006 at 10:46 pm said:

    É um filme do Ang Lee sobre romance proibido… não tem como ser ruim. De qualquer forma, vi o trailer no último sábado e fiquei com mais vontade ainda de ver.

    Nossa, tanto tempo que não vejo trailers 😮

    E agora você definiu bem, é um “romance proibido”, não é a questão de ser homossexual ou não que pesa. O foda é que no final das contas é só disso que as pessoas vão lembrar. :doh:

  4. Vi e não gostei… Babaquice pura… Filminho que posa de moderninho, mas a mensagem subliminar é mais conservadora do que votar no Bush: Ó, não corra atráz da sua felicidade, não busque o prazer (sexual), senão papai do céu te mata e te manda pro inferno, enquanto o bonzinho reprimido babaca fica quietinho na sua existência medíocre…
    LÔBO EM PELE DE CORDEIRO…
    Por que o “parceiro” que morre é o que tem a (Homo)sexualidade mais resolvida? Que busca o prazer?
    Na vida real, infelizmente, às vezes não é o que acontece.

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