A song that isn’t mine anymore

Não lembro mais quem comentou comigo sobre uma entrevista que fizeram com o Arnaldo Antunes, sobre regravaçoes de músicas dele e o sucesso que elas faziam (casos como “Socorro”, que ele compôs com a Alice Ruiz e foi regravada pela Cássia Eller). Aí ele respondeu que a música não era dele, que música era viva. Que a partir do momento que era criada, era de todo mundo. Eu tenho certeza que ele disse isso de forma muito mais poética e bonita, como de costume, mas enfim, estou me apoiando em minha pobre memória para relatar essa idéia que achei tão bacana.

Blablabla, só falei isso para introduzir algo que descobri sobre uma música que gosto muitão, que é a Hurt com o Johnny Cash. Eu, ser desligado que sou, um belo dia achei uma versão do Nine Inch Nails para essa música. Whoa! Muito legalzona, embora a do Cash ainda seja melhor, na minha opinião.

Eis que descubro hoje na Wikipedia que bem, na verdade Hurt é do Nine Inch Nails, e foi o Cash que fez a regravação. Hurt saiu pela primeira vez no álbum The Downward Spiral em 1994 (álbum do qual eu conhecia só três músicas além dessa), e foi regravada pelo Cash em 2002 (o último sucesso dele antes da morte em 2003).

E sabe o que é mais interessante? Reza a lenda que Trent Reznor ficou com um pé atrás quando soube da regravação, mas depois que assistiu ao video, ele disse:

I pop the video in, and wow… Tears welling, silence, goose-bumps… Wow. I just lost my girlfriend, because that song isn’t mine anymore. … It really made me think about how powerful music is as a medium and art form. I wrote some words and music in my bedroom as a way of staying sane, about a bleak and desperate place I was in, totally isolated and alone. [Somehow] that winds up reinterpreted by a music legend from a radically different era/genre and still retains sincerity and meaning—different, but every bit as pure.

E desde então, costuma se referir a Hurt como “a song that isn’t mine anymore”.

(Em tempo: ô lá em casa, esse Reznor)

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